21/09/2012

Grankapo + A Thousand Words + Another Day Will Come @ Roterdão Bar




Em noite de estreias e apresentações, aconteceu de tudo um pouco no Roterdão Bar em Lisboa. O bar, na agora encerrada ao trânsito, Rua Nova do Carvalho (medida que, por certo, agradará a clientes e empresários. Todos se recordarão o quão inacessível se tornava a rua, quando dezenas de pessoas se aglomeravam à porta do MusicBox em noite de concertos, com automóveis a passar ao mesmo tempo), recebeu pela primeira vez um concerto de hardcore. A apadrinhar esta estreia, uma casa cheia, os Another Day Will Come, os A Thousand Words e os Grankapo.

Com um metalcore inundado de breakdowns e paisagens desérticas – ou a banda não se considerasse, ela própria, pure southside metalcore withroots of tiresos Another Day Will Come trouxeram algum sumo novo a uma noite que não deixou de ser do hardcore. O estigma de banda de abertura (que, normalmente, significa tocar para estátuas e paredes) não se fez notar, uma vez que a banda, “trouxera da margem sul do Tejo”, a sua própria falange de apoio, que não pejou em fazer sentir a sua presença desde o primeiro riff (ou devemos antes dizer breakdown) da banda de Paio Pires.

A apresentar o seu EP, agora editado em vinil pela Ruins Records, estavam os A Thousand Words, de regresso a Lisboa e na primeira de três datas (Porto e Caldas) de apresentação do novo lançamento. Com uma entrada com pé esquerdo, os A Thousand Words entraram em falso com Crosses, a “balada” de Sinners, com problemas ao nível da voz que não possibilitaram que a mesma fosse audível ao longo da música, algo que levou ao quase desespero do vocalista da banda.  Com um set sempre centralizado neste EP, os AThousand Words trouxeram, ainda, as já usuais “Intro” (dos tempos da demo) e “AbsenteeDebate” dos Unbroken, a Lisboa.

A fechar o cartaz, os Grankapo vão continuando a apresentar o seu novo trabalho “The Truth”, editado pela HellXis e oferecido à entrada. Um dos herdeiros da cena SPOC hardcore, os Grankapo vão-se mantendo, ao longo dos anos, fiéis a si próprios, mantendo sempre o feeling old school de bandas como Omited Grass Reaction ou More than Hate, muito típico da zona de Loures. Assim, não foi de estranhar que a banda, não só tenha apresentado temas novos, como não esqueceu alguns dos temas mais emblemáticos, de uma banda que leva já mais de 5 anos de carreira (nos tempos que correm, é uma eternidade), mas que vai conseguindo sempre obter uma excelente reacção do público que ruma aos seus concertos.  Mesmo que, esse público, pareça ser cada vez mais jovem.

Lisboa vai-se mostrando rejuvenescida de público, com a afluência de muitos (e novos) rapazes e raparigas, algo capaz de deslocar o mais old school dos hardcore kids. Numa noite em que nem tudo correu bem (o som da sala nunca conseguiu estar à altura, algum calor e uma completa falta de noção e sensibilidade de um elemento da segurança da sala), é de realçar a lotação (praticamente esgotada) da sala a uma quinta-feira à noite, e numa altura em que as aulas já recomeçaram. Não só o Cais do Sodré se renovou neste último ano. O hardcore de Lisboa também.