30/11/2009

Montijo, 29 de Novembro de 2009


Data já de quatro anos desde que o Montijo foi posto na rota do panorama hardcore nacional, principalmente pela mão da Young Heart Bookings. Concertos esses que sempre foram marcados pelo profissionalismo e dedicação que só algo que é feito com o coração, sem qualquer tipo de apoio ou interesse económico, consegue ser. Durante estes quatros anos, mais precisamente desde Novembro de 2005, realizaram-se 18 concertos nesta cidade a sul do Tejo, onde diria ter tido, esta actividade, o seu ponto alto com a realização do último concerto dos Day of the Dead. É então, no dia 29 de Novembro de 2009, que se realiza aquele que, segundo o organizador, pode muito bem ser o último concerto do Montijo. Para além desta situação pouco agradável, culmina também com o último show da banda Broken Distance fora da sua terra Natal.

Com algum atraso no seu inicio, cujas portas estavam jocosamente apontadas para as 15.56h o 19º show hardcore do Montijo viu o último show da tour europeia dos Broken Distance e, como já referi, ultimo acima do Algarve e viu nascer uma nova banda, os Swallows.

Foram exactamente os Swallows que abriram esta matine num domingo bem indicado para se estar dentro de uma sala a divertir, esquecendo-nos dos copiosos aguaceiros que teimavam em cair. Sem que se conheça muito da banda, os Swallows pareceram navegar numa onda próxima de Converge e, como diria alguém mais informado, uns Converge menos confusos. Contudo, o som não ajudou a banda, pelo que não se percebeu muito bem a orientação das guitarras – que se pressupõem dividir-se em tempos caóticos e slow tempos. Foi no entanto a voz que mais se fez estranhar, com algumas colocações a lembrar bandas mais extremas do metal. É, seguramente, uma banda que se irá ter de ouvir melhor numa outra situação a fim de aferir a real orientação musical da mesma.

Seguiram-se os No Good Reason e, atrevo-me a dizer, o melhor show que já vi da banda. Diria que finalmente, hoje, a banda almadense viu ser um pouco reconhecido o seu trabalho de alguns anos já. Com uma óptima entrega dos seus elementos que a constituem, algo que, nunca deixou de acontecer em alturas anteriores, mas essencialmente a entrega do publico foi muito mais motivadora que noutras ocasiões. É de realçar o set que a banda preparou – peca talvez pela não inclusão da música Tonight – onde se lembrou que os Black Flag são uma das melhores bandas de sempre. As músicas novas abrem o apetite para o futuro de uma das bandas mais personalizadas da cena hardcore actual.

A terceira banda da noite foram os Critical Point. Os Critical Point são uma banda recente também do Algarve e trazem de novo o som do Youth Crew clássico dos anos 80 de Nova York. Set musical curto derivado do seu recente inicio de actividade mas que é, positivamente, intercalado com discursos interessantes por parte do vocalista Rafael Madeira. Creio que, infelizmente, esses mesmos discursos não tenham sido, a determinadas alturas, bem compreendidos pelos elementos da plateia. Notava-se, contudo, o cansaço que uma tour europeia pode ter sobre os elementos de uma banda, pelo que o concerto dos algarvios poderá não ter sido tudo aquilo que a banda pode oferecer. É de referir, apesar de tudo, a entrega de uma banda que ofereceu ainda Crippled Youth.

Sem que a diferença fosse grande - os elementos eram os mesmos e só alteravam entre si alguns instrumentos - iniciaram de seguida os Broken Distance. Já aqui se disse que a banda ia dar o seu último concerto fora do Algarve naquele que era também o ultimo concerto da tour europeia da banda. Foi provavelmente o concerto da tarde. Penso não haver um ponto negativo neste concerto. As músicas que fazem a diferença, boa presença, bom discurso do David, boa cover (Cro-Mags) e, mais uma vez, óptima entrega do publico com frequentes sing-a-longs, stage dives – ou pelo menos aquilo que o baixo palco da sala permitia – invasões de palco. Uma festa bastante digna de uma banda que está em vias de cessar funções. Como representante da cena hardcore nacional, um obrigado aos Broken Distance.

Para finalizar em beleza seguiram-se os Reality Slap. Com merch novo e um disco acabado de sair a banda viu-se a braços com um concerto que se iniciou algo tímido por parte da assistência. Poder-se-ia dizer que, se calhar, não tinham o seu publico já que era talvez a banda que mais destoava do restante cartaz – fora Swallows, claro. No entanto, não foi algo que se tivesse verificado. Nas fantásticas 1000 Faces, Breaking Out ou Step Back poucos foram aqueles que não se mexeram, que não dançaram, que não gritaram. Basicamente, poucos os que não fizeram a festa. Certamente não terá sido o melhor concerto - em termos globais - da banda, mas foi, certamente, um óptimo concerto.

Palavra final para o ambiente, que foi um dos melhores a que já assisti num show de hardcore. Há muito tempo não sentia que se estava ali realmente pelo movimento, pelas bandas, pela música, pela mensagem. E isto percebe-se pela entrega das pessoas e pelo ar de satisfação de todos os intervenientes do show. É notório que no Montijo existe algo especial, que não pode – nem deve – morrer.

27/11/2009

Hatebreed 2009


Depois de "Supremacy" e do álbum de cover's "For The Lions" a banda liderada pelo carismático Jamey Jasta volta em grande com o seu mais recente álbum ao qual a banda decidiu dar o seu próprio nome. É um CD composto por 15 músicas que conta com o regresso de Wayne Lozinak para uma das guitarras, ele que já tinha feito parte da banda no inicio da sua caminhada. Hatebreed tornou-se uma banda de top, por isso a exigência é cada vez maior a cada trabalho, a cada concerto, e a verdade é que a banda não faz por menos e faz-nos o favor de arrasar a cada música que cria. Também é verdade que fazendo parte das minhas bandas de eleição posso ser suspeito para falar sobre eles, mas penso que dentro do Hardcore todos nós gostamos seja desta ou daquela malha de Hatebreed, certamente ninguém ficará indiferente.

"Hatebreed" abre logo com duas faixas devastadoras, "Become The Fuse" e "Not My Master" prometem agitar muitas cabeças, prometem fazer mexer muitas salas por este mundo fora, e á imagem geral do álbum, são músicas de um hardcore pesado, um groove solto e caracteristico da banda, uma excelente voz que grita a cada frase palavras de ordem tão reais e directas que entram logo na cabeça e nos fazem cantarolar o dia inteiro. As músicas são de curta duração, como habitualmente, sendo "Undiminished" a mais longa com 4:19, música que difere um pouco do resto do álbum não só pela própria duração mas instrumentalmente diferente, mais progressiva e estruturada sem qualquer presença de voz, com solos magistrais, ouçam. Acrescentar a curiosidade da última faixa ser uma re-edição da cover de Metallica "Escape" que também já tinha saído em "For The Lions". Certamente 2009 não terá muitos álbuns com a qualidade que "Hatebreed" apresenta, este que é mais um trabalho de estúdio de Zeuss, um produtor que já trabalha há alguns anos com Hatebreed e eu não me canso de considerar o melhor dentro do movimento Hardcore a produzir álbuns, sobretudo pela qualidade de gravação e mistura, ele que trabalha no seu estúdio em casa. Uma mistura explosiva que resulta, provavelmente, num dos melhores álbuns do ano de 2009.


23/11/2009

Reality Slap + Amigos @ Campo Grande

A tarde prometia. Boas bandas e uma sala que regressava ao panorama de hardcore nacional.

Quando cheguei, estava MUITO mais gente do que eu previa. Segundo o que li, foram mais de 250 as pessoas que se juntaram para ver este concerto, o que é sempre bom. Seguiram-se cumprimentos e dois dedos de conversa com pessoas que não se vêem todos os dias e, com algum atraso, começaram os concertos. Vi também muita gente nova (leia-se pessoas que não vejo nos concertos), o que confirma o poder dos cartazes colados na rua. Boa cena.

Quando entrei, já os Please Die! tinham começado a tocar. Nunca tinha ouvido, confesso, mas o som cativou-me logo. A bateria é rápida e a guitarra ouvia-se bem. Houveram bons discursos, incluindo uma boa homenagem ao pessoal do algarve que continua a ajudar e a lançar bandas com qualidade. Curti bastante e a cover de No Warning fez com que a sala se mexesse muito pela primeira vez. Em suma, quero ver outra vez e comprei o EP "On This Cross". Façam o mesmo.

De seguida, vieram os Overcome. O pessoal da SPOC chegou-se à frente e começou a festa na verdadeira ascenção da palavra. Eu adoro a Overcome, o som diz-me muito e a atitude é inegável e mais uma vez curti bué o show, fiquei com um sorriso na cara e isso é sempre bom. Já agora, a música HC Show com o Ricardo de Omited é brutal! E houve lugar a mais uma cover, desta vez de Madball, foi óptimo!

Quando Overcome terminou, vi que o chão da sala já não estava a resistir às bebidas que de vez em quando caíam. O centro estava completamente escorregadio e os cantos estavam cheios de garrafas. As quedas iam ser inevitáveis.

Confirmou-se isso quando começou For The Glory. Já não é segredo para ninguém, mas nunca é demais dizer que FTG dá os melhores concertos em Portugal. O set foi o habitual, o pessoal curtiu imenso (os milhares de stage dives atestam isso mesmo), e notava-se que havia orgulho da parte deles por voltarem a tocar na sala onde começaram. Espero que daqui a mais 6 anos continuem a tocar esta pujança. Ah! A segunda música nova que tocaram tem um groove do caralho e parece-me muita boa.

Para o fim ficaram os Reality Slap. O pessoal começou a preparar-se para regressar aos anos 80 e celebrar a release do "My Brother Evil" que já tinha sido disponibilizado em formato internético. Notou-se que estava menos gente a curtir que em FTG (mas isso acaba por ser normal), mas o concerto foi muito bom! Aliás, acho que foi o melhor e maior concerto que vi deles. Tocaram grande parte das músicas que têm gravadas e houve ainda tempo para curtir Negative Approach, Cro-Mags, Madball...enfim, grande festa. Para mim, são a banda que tem melhor som em Portugal. E no final, aquele coro foi muito bom hehehe

Foi então uma boa tarde, valeu bem os 7 euros e só é pena que tenham partido uma porta....não se percebe.

03/11/2009

October Massmurder Fest



No dia 17 de Outubro, aconteceu mais um grande evento de hardcore em Portugal, com um cartaz recheado de bandas portuguesas e internacionais: o Massmurder Fest em Cacilhas no Revolver Bar, estando mais de 100 pessoas presentes.

O inicio do espectáculo deu-se por volta das 17 com Never Fail a começar a um bom ritmo. De seguida entraram os Lowblow mostrando a sua garra em palco. Depois entraram os espanhóis Dias Cruciales de Madrid também mostrando o seu hardcore bem como as suas influências de bandas como Arkangel e Kickback.



Após Dias Cruciales foi a vez de entrar o Domy (um dos organizadores do festival) com os Not Without Fighting, sempre a puxar pelo público, a mostrarem a sua garra em palco e a espalhar a mensagem sobre o que é o hardcore, especialmente com a música Die Hard.



Já com o público bastante acordado, foi a vez de Steal Your Crown, a jogar em casa, a rebentar com o Revolver bar com temas do seu MCD bem como outros mais antigos, Ride with Fame, Hearts And Minds, etc. Após a violência de SYC foi altura para pausa de jantar e descanso durante 30/45 minutos, com restaurantes à volta para quem não tivesse trazido a merendinha.



Perto das 22 começou Grankapo com um estilo e qualidade bem elevados e já bem conhecidos na cena, a abrir com Man Killing Man e com bastante público activo com stage divings e crossroom's, sendo uma das melhores actuações da noite como era esperado.



Depois estrearam-se então em palcos nacionais os franceses Providence! Depois um inicio muito cómico (em que pediram ao DJ uma musica do estilo Discoteca e começaram todos a dançar) passaram de seguida para uma entrada agressiva, especialmentea bateria, mostrando assim quem realmente eles são. Com os seus famosos beatdown's, surpreenderam de forma positiva com a sua excelente actuação em palco tal como a adesão do público para quem não os conhecia, acabando com o seu auge: This is Filthy Paris!.



Nesta altura, e ainda que o público estivesse já um bocado cansado, ninguém parou quando entrou For The Glory em palco como era de esperar, em que o Congas salientou que com um palco e espaço daquela dimensão, teria que ser muito agressivo e muitos stage dives. E assim o foi, com o público a dar as suas ultimas por FTG, penso que foi a melhor actuação da noite, em que quase nem deixavam o Congas cantar.



Por último e como já era um bocado tarde, perto das 2 da manhã, actuou a banda de cartaz alemã, Black Friday '29. Esta banda não teve muito público devido à hora em que muitos que vieram de transportes tiveram de se ir embora. Mas isso não os deixou preocupados, entraram com o seu famoso tema The Pursuit of Hapiness, com uma qualidade de som exuberante e um estilo de old school hardcore com 2 step's. Apesar de não ter sido a melhor actuação em relação público-banda, penso que foram os melhores na sua actuação individual.



De parabéns está a Massmurder (Domy, Azare, Jony) por este magnifico espectáculo, pois é difícil organizar estes festivais devido à falta de dinheiro e apoios mas mesmo assim conseguiram fazê-lo e correu tudo como esperado. Os agradecimentos vão para todos os que tiveram presentes, ao Revolver Bar, às bandas que actuaram e aos que apoiaram este Fest, (Santuário do Rock Bar e 4TheKids)

Gostava apenas de salientar que é triste ver pessoal a levar certos tipos de equipamentos para concertos que são sobre “irmandade” e respeito. Deixo aqui apenas a mensagem em como é triste ver isto e para que o pessoal lembre-se que isto não é para aleijar ninguém propositadamente e não levar esses tipos de “equipamentos”.

Fotos dos Concertos disponíveis em A.L. Photography's Albums

Review por NoTe
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