28/02/2011
NTB + FTG + CB + MS + BF @ Montijo
19/02/2011
Death Before Dishonor + The Mongoloids + Shape - 17\02\2011, Cacilhas
Na noite de regresso dos americanos Death Before Dishonor houve pouco de tudo um pouco. Confuso? É ler para perceber.
Era uma noite, à partida, pouco conveniente para o hardcore. Os Sum41 tocavam ali praticamente ao lado – afinal, bastava atravessar o rio e dar um passeio à beira mar – o Benfica tinha acabado de jogar, o Sporting e o Porto jogavam à mesma hora, Paus iria tocar ali ao lado – para quem, novamente, quisesse fazer um passeio à beira mar – e nem duas semanas antes os Terror por ali, no mesmo espaço, tinham passado. Tudo factores que, conjugados, proporcionaram aos Death Before Dishonor um ambiente bastante diferente dos que haviam experimentado nas três passagens anteriores por Portugal. Mas já lá vamos. Curiosamente, a metereologia que vinha assolando a zona nos últimos dias, nem fora um empecilho. Talvez medo de um rio agitado.
Após algumas alterações ao cartaz inicial e desistências de última hora, coube aos Shape fazer a abertura da noite que consagrava a estreia dos Mongoloids em Portugal, bem como o regresso dos Death Before Dishonor ao nosso país.
Os Shape, para quem não sabe, é uma banda relativamente nova a tocar um hardcore na onda de Verse. Cada vez mais coesos em palco, com uma presença que acaba por aliar uma inquestionável qualidade musical a um agradável espectáculo visual, para quem gostar de ficar somente a assistir. E, como banda relativamente nova que é, pouca adesão humana sugere. Um concerto em tom de soundcheck ou ensaio. Irrepreensívelmente bem tocado, mas ao qual assistia uma desoladora plateia que nem com a execução de uma cover de Verse (Start a Fire) se excitou. Culpa do horário e do alinhamento, pensariam os mais optimistas. Não tanto.
Aos Mongoloids estavam, desde logo, subjacentes duas questões: a capacidade dos mesmos em dar sequer um concerto e, depois, a maneira como o fariam. A justificação é simples: esta é a banda que meses antes tinha... debandado. Rumores à parte, restou somente o vocalista. E, esta é, igualmente, a banda que, antes desta mesma tour europeia, lançou um comunicado cancelando uma série de concertos no seu país, devido a problemas internos que antevieram um fim anunciado desde os tempos da debandada. Mas, como banda profissional que mostraram ser, problemas houvessem, ninguém os adivinharia. Com um concerto iniciado com “True Colors”, os Mongoloids passaram em revista os seus melhores registos. “Alive and Well”, “Time Trials”, “Fading Away”, “Mongo Stomp” ou, ao fim, “Troubled Waters”, passando ainda pelo recente EP com a música que o intitula “New Begginings”, fizeram uma set list coesa e propícia a um bom espectáculo apenas arruinado pela ausência de público. Convenhamos, contudo, que os Mongoloids não são a banda mais conhecida em Portugal e, muito menos, a mais popular. Uma presença em palco intocável, cabendo especialmente ao vocalista e ao baixista da banda o epíteto de animais de palco. Bom... ou de chão, tendo em conta que foi lá que o vocalista actuou.
À quarta presença em Portugal os Death Before Dishonor terão presenciado a recepção mais fria que poderiam ter antecipado. Não por culpa de quem lá estava, mas mais por culpa de quem lá não estava. Quem lá não estava também, era um dos guitarristas da banda por estar a descansar do seu casamento com a vocalista dos Walls Of Jericho. Reza a lenda, que esse amor terá, inclusive, começado na noite em que os Death Before Dishonor tocaram com os Walls of Jericho na Caixa Económica Operária. Outra diferença para essa noite foi, como o próprio vocalista dos Death Before Dishonor confessou, a sua sobriedade. Sobriedade essa que não terá sido bem aceite pelos mecenas da plateia que, ao longo do set dos americanos, o abasteciam a sumo de cevada. Mas nem esse mesmo abastecimento terá feito a máquina Death Before Dishonor funcionar em pleno. Cansaço, ou não, a banda mostrou-se algo apática em palco, sem grande presença no mesmo. Verdade seja dia, a música da banda passa muito pela interação com o público. A quantidade de coros e back-vocals nas músicas, pede uma plateia participativa. E quando essa plateia é escassa, mesmo que participativa, o som da banda ressente-se. O set, aberto com “Born From Misery” de um dos anteriores álbuns da banda, foi relativamente focalizado no recente “Better Ways to Die” como seria de esperar. “Peace and Quiet”, “Remember” ou “Boys in Blue” marcaram presença no mesmo, tal como "Break Through it All", “Count Me In”, “Curl Up and Die”, “666 Friends, Family, Forever”, por exemplo, que levou a um muito pouco convincente anuncio de final de show. Se pudermos chamar-lhe assim, para o fim do encore estava guardada a invevitável “Boston Belongs To Me” – a conhecida cover dos Cock Sparrer – que promoveu a melhor adesão do público com, até, tentativas de stage dive.
Duas semanas depois dos gigantes Terror terem pisado o palco de Cacilhas – num ambiente bem diferente do da noite de 17 de Fevereiro – foi a vez de outra das grandes bandas do hardcore norte americano o fazer. O Revolver não terá presenciado muito mais de uma centena de pessoas que não terão conseguido gravar na memória das bandas americanas a sua passagem por Portugal este ano.
05/02/2011
Terror / First Blood / Lion Heart / Backtrack
Ora bem, enquanto tenho os acontecimentos ainda relativamente frescos na memória, deixo-vos com um gostinho do que se passou no Revólver em Cacilhas a noite passada. Quem foi, sabe bem do que estou a falar, quem não foi, não deve estar mesmo a ver o que perdeu.
Assim que eu e os meus saímos do Cacilheiro, já se reuniam algumas pessoas à porta, algumas jantavam na zona e aos poucos, chegava sempre cada vez mais gente.
Um bocado depois da hora marcada, começou toda a gente a entrar entupindo a entrada e assim que consegui atravessar a multidão, deparei-me com as bancas de merch no andar de cima - para haver mais espaço de modo a acomodar toda a gente no andar debaixo - e gente dentro do Revólver como nunca tinha visto. Nem no Revólver, nem no Man's Ruin, nem no Culto. As pessoas agregavam-se em volta do palco tomadas pela expectativa do que os concertos iriam trazer, algumas pessoas acomodavam-se mais atrás, outras enchiam o andar de cima, a escadaria e os cantos dos palcos. Diria que estava um ambiente perfeito para receber as bandas que ontem tocaram (e bem!).
A primeira banda a dar início às hostilidades foram os Bactrack, provenientes de Nova Iorque, transpirando energia e juventude. Estes rapazes deram um bom concerto e eu própria não conhecendo bem o colectivo de Long Island, dei por mim a pensar "se estou a gostar tanto disto agora, imagino se os conhecesse bem". Infelizmente, não houve muita gente a aderir, talvez por não conhecerem bem, talvez porque os rapazes já estariam um tanto quanto gastos da tour. Ainda assim, foi um bom concerto.
De seguida, vieram os Lion Heart da Califórnia, mas não presenciei a sua performance por completo, pois estive por instantes lá fora na conversa com uns amigos, dado que esta não era uma banda que eu fazia inteiramente questão de ver. Das poucas músicas a que assisti, pude assistir ao poder da banda. Pareceu-me ser uma boa prestação no geral que já conseguia trazer um pouco mais de caos, até o chão já estava na fase de ringue de patinagem artística proporcionando um rol de quedas, mas nada comparado com o que estava para vir.
No fim de Lion Heart aproveitei a pausa para ir comer algo muito rapidamente e por isso mesmo não consegui ver First Blood desde o início. Mas, do pouco que vi,apreciei bastante. O poder e a raiva que a banda emanava, deixava os maiores fãs da mesma completamente loucos, e o público cada vez mais expectante começava a fazer parte da festa em vez de serem meros espectadores. Por momentos, pensei que o mundo ia desabar quando foi proferido o verso "Next Time I See you, You're Fucking Dead". Foi sem dúvida uma prestação pesada.
"And last but not least" foi a vez dos Terror. Sem grandes cerimónias deram início a um espectáculo fenomenal. Trouxeram de Los Angeles no bolso várias canções do novo álbum "Keepers of the Faith", como "Stick Tight", "Your Enemies Are Mine" e "Returned to Strenght". Também passaram por músicas mais antigas como "One With the Underdogs", "Always the Hardway", e até mesmo músicas da sua demo. O frontman Scott Vogel estava imparável, sempre a comunicar com o público, pedia stagedives atrás de stagedives, circle pits atrás de circle pits e o público acedia. Pessoas voaram, caíram, saltaram, pairaram, sangraram, deram cambalhotas, apoderaram-se do microfone e inclusive balançaram nos candeeiros. Foi o fim do mundo por completo. Vimos vários amigos de Terror cantar, num"pass da mic" nunca visto, onde até o baterista Nick Jett veio dar-nos a graça de ouvir a sua voz. Vieram, viram e venceram.
Esta noite foi certamente memorável, em que os Terror afirmam que são momentos assim que os fazem sempre voltar, quando estão fartos do que fazem. E apesar da sua idade, continuam sempre a fazê-lo bem e arrisco até dizer, continuam a fazê-lo cada vez melhor.
A minha previsão para este concerto foi "heads will roll" e cabeças certamente rolaram.