Em noite de estreias e
apresentações, aconteceu de tudo um pouco no Roterdão Bar em Lisboa. O bar, na
agora encerrada ao trânsito, Rua Nova do Carvalho (medida que, por certo,
agradará a clientes e empresários. Todos se recordarão o quão inacessível se
tornava a rua, quando dezenas de pessoas se aglomeravam à porta do MusicBox em
noite de concertos, com automóveis a passar ao mesmo tempo), recebeu pela
primeira vez um concerto de hardcore. A apadrinhar esta estreia, uma casa
cheia, os Another Day Will Come, os A Thousand Words e os Grankapo.
Com um metalcore inundado de
breakdowns e paisagens desérticas – ou a banda não se considerasse, ela
própria, pure southside metalcore withroots of tires – os Another Day Will Come trouxeram algum sumo novo a uma
noite que não deixou de ser do hardcore. O estigma de banda de abertura (que,
normalmente, significa tocar para estátuas e paredes) não se fez notar, uma vez
que a banda, “trouxera da margem sul do Tejo”, a sua própria falange de apoio,
que não pejou em fazer sentir a sua presença desde o primeiro riff (ou devemos
antes dizer breakdown) da banda de Paio Pires.
A apresentar o seu EP, agora
editado em vinil pela Ruins Records, estavam os A Thousand Words, de regresso a
Lisboa e na primeira de três datas (Porto e Caldas) de apresentação do novo
lançamento. Com uma entrada com pé esquerdo, os A Thousand Words entraram em
falso com Crosses, a “balada” de Sinners,
com problemas ao nível da voz que não possibilitaram que a mesma fosse audível
ao longo da música, algo que levou ao quase desespero do vocalista da banda. Com um set sempre centralizado neste EP, os AThousand Words trouxeram, ainda, as já usuais “Intro” (dos tempos da demo) e “AbsenteeDebate” dos Unbroken, a Lisboa.
A fechar o cartaz, os Grankapo
vão continuando a apresentar o seu novo trabalho “The Truth”, editado pela HellXis e oferecido à entrada. Um dos herdeiros da cena SPOC hardcore, os Grankapo
vão-se mantendo, ao longo dos anos, fiéis a si próprios, mantendo sempre o
feeling old school de bandas como Omited Grass Reaction ou More than Hate,
muito típico da zona de Loures. Assim, não foi de estranhar que a banda, não só
tenha apresentado temas novos, como não esqueceu alguns dos temas mais
emblemáticos, de uma banda que leva já mais de 5 anos de carreira (nos tempos
que correm, é uma eternidade), mas que vai conseguindo sempre obter uma
excelente reacção do público que ruma aos seus concertos. Mesmo que, esse público, pareça ser cada vez
mais jovem.
Lisboa vai-se mostrando
rejuvenescida de público, com a afluência de muitos (e novos) rapazes e
raparigas, algo capaz de deslocar o mais old school dos hardcore kids. Numa
noite em que nem tudo correu bem (o som da sala nunca conseguiu estar à altura,
algum calor e uma completa falta de noção e sensibilidade de um elemento da
segurança da sala), é de realçar a lotação (praticamente esgotada) da sala a
uma quinta-feira à noite, e numa altura em que as aulas já recomeçaram. Não só
o Cais do Sodré se renovou neste último ano. O hardcore de Lisboa também.
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