30/06/2009

Death Threat + No Turning Back + For The Glory + Reality Slap

O Music Box viveu no passado dia 22 de Junho uma grande noite de Hardcore. Pela primeira vez em Portugal os Death Threat trouxeram até a sala lisboeta um número extenso de pessoas que praticamente encheram o recinto, acompanhados por uns cada vez mais imperdíveis No Turning Back e uma das principais forças do Hardcore nacional, For The Glory, todos estes lançados numa grande noite por outra banda nacional, os Reality Slap, cada vez mais um valor seguro do nosso Hardcore.


Os Reality Slap continuam a cativar cada vez mais público e mostraram-nos uma banda cada vez mais segura de si. Um concerto naturalmente curto mas cheio de energia e movimento, com muita gente a cantar as músicas e com a demonstração clara que o hardcore nacional está bem vivo para todos nós. Uma actuação que certamente inspirou um resto de noite bem "quente" para quem esteve no Music Box. A próxima actuação dos Reality Slap é dia 18 de Julho em Cacilhas com Your Demise.

Os For The Glory sobem ao palco e começa mais uma actuação de umas das melhores bandas portuguesas de Hardcore, liderados pelo King Kongas, um dos maiores responsáveis pelo evento, os For The Glory são certamente das bandas que mais movimento e que mais stage dives proporcionam ao seu público. As músicas de "Drown in Blood" e "Survival of The Fittest" são cantadas de trás para a frente por toda a gente, um show fernético que demonstra bem a força da relação entre a banda e o público do Hardcore. For The Glory tocaram músicas como "Drown in Blood", "To Your Place", "Fall In Disgrace" ou "All Alone".

Os holandeses No Turning Back foram a banda seguinte, eles que confessam ter um gosto especial por Portugal e pelo nosso público adorando tocar pelas nossas salas de espetáculos. E nós agradecemos. No Turning Back começam a ter um elevado número de concertos em Portugal, e a verdade é que esses mesmos concertos têm sempre grande qualidade e uma atitude de referência. "Take Your Guilt" iniciou mais uma dessas actuações, tendo tocado ainda músicas como "Never Give Up", "Watch Your Step", "Do You Care", "Same Sad Song" ou "Stronger". Um grande concerto que fez tremer um Music Box cada vez mais cheio de gente, gente que demonstrou o porquê de No Turning Back querer ca voltar, e uma banda que nos mostrou o porquê de nós querermos que eles ca voltem.


E por fim, chegam os Death Threat, primeira actuação em Portugal da banda americana um pouco antes do lançamento do seu mais recente trabalho "Lost At Sea" que conta com 3 novas músicas e uma cover de Outburst. "Death At Birth" e "As One We Stand" foram as primeiras músicas que fizeram um Music Box com uma temperatura por si só muito elevada ficar ainda pior, muitos braços a rodar, muitos stage dives, muito movimento e a certeza que em cima do palco estava uma banda de uma qualidade extrema que se mantém verdadeira ao seu som há muitos anos e eleva o seu nome ao mais alto degrau no mundo Hardcore. "Last Dayz", "Peace and Security" entre outras, fizeram a delicia dos presentes, que diga-se ca entre nós, já mereciamos Death Threat em Portugal. Mais um conjunto de concertos e um conjunto de pessoas que se juntaram numa segunda-feira a noite, de Lisboa, do Algarve, do Porto, de Viseu e até mesmo de Londres e sabe-se lá mais de onde, que demonstraram que o Hardcore em Portugal vive e está para durar.

29/06/2009

Please Die! - On This Cross


Portugal não tem sido, pelo menos nos últimos anos, um país onde as bandas hardcore que vêm aparecendo, focalizem o seu som para uma vertente mais técnica e trabalhada das guitarras, ou seja, resultando no final num hardcore mais melódico – sem que ao melódico venha associado qualquer tipo de mariquice. Contudo, aparecem este ano os Please Die! E se por aqui ficássemos, só isto seria motivo de parabenização.

Os Please Die! Buscam óbvias influências a American Nightmare – ou Give Up The Ghost, se preferirem – mas, pessoalmente a parte entusiasmante do projecto, a Dead Hearts também. A banda lança então pela Salad Days Records – obrigado David – o seu primeiro registo, intitulado On This Cross, que é, portanto, pautado por um som mais a sair do coração – a temática abordada, bem como a própria melodia assim o garante – que do músculo.

Temos então seis canções, nelas incluída uma Intro instrumental, que falam essencialmente de acontecimentos passados, desgostos pessoais. A crítica, negativa, mais global que podemos fazer a este registo prende-se com as vocalizações do mesmo. De um modo geral, é feita de forma algo monotónica e arrastada, contudo, em músicas como Along Came Death e No Goodbyes, tal não sucede. Se a primeira é totalmente entusiasmante, soa positivamente a Dead Hearts, e não se verificam as condições vocais que já referi – há inclusive certos efeitos, interessantes, nas vocalizações –, a segunda é rápida, contudo, mais genérica que qualquer uma das outras músicas que compõem On This Cross. Ainda em Along Came Death quero destacar a óptima linha de baixo, enriquecedora da composição da música, mas acima de tudo, os coros, transformando a música num grande momento musical – mais uma vez vem Dead Hearts ao pensamento.

Estes são, dois exemplos de como a banda, apesar de algo inconstante, consegue a espaços atingir um nível entusiasmante. Felizmente, não é, nunca, entediante.

Em Louder Than Words – música que conta com a participação de David Rosado (Salad Days Records \ Broken Distance) – as guitarras assumem um papel preponderante na sua relação com o ouvinte. Já aqui disse que este é um álbum de guitarras, e que as mesmas são extremamente envolventes, mas aqui são-no ainda mais. A espaços faz lembrar Killing the Dream (p.ex. ao 1 min. e 30 seg.). Destaque ainda para a participação de Poli (Devil in Me \ Rat Attack) na música que dá nome ao álbum, On This Cross.

Em suma, os Please Die! Conseguem entusiasmar pela sua envolvência melódica – proporcionada pelo bom trabalho de guitarras – independentemente dos pontos negativos motivados por determinados momentos a nível de vocalização, onde necessito ainda destacar, apenas, a descompensação temporal entre vocalista e back vocal em Mistakes Made, que causa certa estranheza ao ouvido. É um álbum que vale a pena ouvir, nem que seja pelo óptimo trabalho de guitarras.

Ponto positivo ainda para o artwork, que é bonito e adequado, e só vem dar um aspecto ainda mais profissional a uma banda que acaba de lançar o seu primeiro registo.

Aos interessados, a banda encontra-se disponível para contacto ou audição de algumas músicas em: http://www.myspace.com/pleasedietonight e o álbum pode ser adquirido entrando em contacto com a distribuidora em: http://www.myspace.com/saladdaysrecs.

18/06/2009

Reaching Hand - Threshold

10 de Junho passado não foi apenas mais um Dia de Portugal, foi também o dia que os Reaching Hand editaram ou lançaram o seu novo 7’’, chama-se Threshold via Chorus of One \ Substance Records. Os Reaching Hand, já se sabe, são uma banda youth crew com espírito old school à la Youth of Today ou Chain of Strength.

De Threshold não se espere a revolução do hardcore, não é sequer essa a pretensão, traz contudo, algo de novo ao som da própria banda. Ainda que a maioria das músicas não se destaque especialmente daquilo que a banda já anteriormente tinha produzido, temos dois sons algo diferentes. Um mais melódico – Threshold, com a colaboração de Bráulio Amado, vocalista dos No Good Reason \ Adorno, amigos do farol: It’s a dude – e um mais a soar a bairros pesados de Nova Iorque e, porventura, menos a jovens positivos de Long Island, Settle the Score, igualmente com colaboração no registo vocal. Registo vocal esse que continua a ser um dos pontos fortes da banda, vocalização feminina como se sabe, algo que infelizmente, continua a não ser muito frequente no panorama hardcore nacional.

Em relação às outras músicas nada que não pudesse ter saído logo na demo, que mais uma vez repito, não é um defeito. É o som da banda, é o que gostam de fazer e é – e isto será o mais importante – o que fazem bem, ainda que por vezes nem o próprio conteúdo rítmico difira muito de músicas anteriores. Em termos líricos, é o que estamos habituados. Hardcore positivo, motivador. Palavras que dão sempre jeito ouvir quando atravessamos momentos mais complicados.

Threshold é então um EP de cinco músicas, cerca de dez minutos de youth crew a clamar melodia e de lírica positiva. Com um encaixe harmonioso de vozes diferentes, e inovação do próprio som da banda em dose qb. Definitivamente, aconselhado.

Never Fail - Demo


Bom, imaginem… Os Outbreak nascem em Nova Iorque em meados dos anos 80, mudam-se para Boston relacionam-se promiscuamente com os SSD e têm um descendente. É abandonado à nascença, sendo lançada a cria ao mar dentro de um barquinho de papel. Demora quase 30 anos a chegar à Europa, afinal vir de Boston para Portugal sem motor, ainda é um esticão, mas fá-lo, e é assim que surgem os Never Fail.

Mantém assim, 2009, a sua especial tendência para o lançamento de novas, e diga-se, entusiasmantes bandas do hardcore nacional. As apresentações já estão mais que feitas, membros de conhecidas bandas nacionais, muita experiência nestas andanças.

A música é rápida, é agressiva, tresanda a anos oitenta. Ao início de tudo. As promessas eram, aliás, essas, uma banda que começas a ouvir e dás por ti, já acabaram as músicas. Aliás, eu mesmo posso comprová-lo. Peguei no meu mp3, liguei-o, e no caminho para a paragem do autocarro fui ouvindo a demo, quando cheguei à paragem, já tinha acabado. Muito fast. E não, a paragem não é longe. São 6 minutos e 6 segundos – conta o leitor de música – de hardcore agressivo e chateado. Letras a evocar os podres da cena hardcore nacional. Coros de pessoas ilustres puxam ao sing a long, aliás, esta é uma banda com clara visão de palco. A própria demo deixa desde logo antever que um concerto ao vivo destes senhores, só pode ser uma festa.

Faz-se ainda uma homenagem à cena actual nacional, as duas últimas músicas têm inclusive o nome de duas das bandas com mais nome actualmente em Portugal, Reality Slap e For the Glory. Com uma intro com guitarra a soar bastante a No Good Reason, nada que admire o ouvinte ainda assim, um dos principais destaques deste registo passa pelas quotes introduzidas pela banda. Desde passagens épicas de filmes clássicos como Casino ou Snatch, passado pelo novo hino da mocidade, uma expressão popularizada por um jovem de Matosinhos, sim esse mesmo…

Never Fail é como diz o outro, “BRÁKIU FOCKEEEEEERS”.

13/06/2009

TERROR + BORN FROM PAIN + STYG + TRAPPED UNDER ICE @ CORROIOS

Desloquei-me a Corroios para uma boa noite de hardcore, mas com uma leve suspeita de que a casa não estaria cheia. Quando chegámos, constatei que o feeling que tinha se confirmava: diria que umas 200 pessoas apareceram. É pena, pois as bandas eram boas, o preço não era excessivo e o tempo estava bacano. Mas também temos de ver que os Santos Populares em Lisboa foram no mesmo dia…

Adiante. Às 21.00 começaram os Trapped Under Ice a tocar e decidi entrar pois esta era uma das bandas que mais queria ver. Tocaram as melhores músicas deles, da demo e do 1º álbum e algumas novas. As novas músicas não me entraram tão bem como as antigas, mas isso já seria de esperar! De resto, há que dizer que a casa vazia não foi bom para a banda, mas eles deram tudo e ainda tocaram a “Evelyn” a pedido do pessoal. A rever em palcos mais pequenos.

Sobre Stick To Your Guns não posso falar porque não prestei a mínima atenção. Pareceu-me um pouco genérico e chato, mas também pareciam estar com pica para tocar, o que é bom.

De seguida vieram os Born From Pain. O vocalista não pôde fazer a tour com eles, mas tal como os próprios disseram, os BFP não gostam de cancelar concertos e por isso o David de Down To Nothing e Terror assumiu as vocalizações. Começaram com a “Final Nail”, o que me agradou bastante. Ainda tocaram mais algumas músicas antigas, com destaque para a Death In The City, mas depois tocaram bastantes músicas do novo álbum que eu pessoalmente não gosto muito, com excepção da “State Of Mind”. Finalizaram o concerto com 2 músicas do álbum “War” (deste eu já gosto bastante), mas devo dizer que as músicas não funcionam bem ao vivo. Portanto, uma actuação que começou bem mas terminou enfadonha.

Para terminar, subiram ao palco os Terror. O pouco pessoal presente começou a ficar maluco e o Cine-Teatro começou a ficar mais pequeno! Correram todos os álbuns, mas devo dizer que com excepção da “Betrayer” eu curti bastante tudo o que tocaram. “Life And Death”, “Keep Your Mouth Shut” (esta com algum pessoal a cantar e a curtir no palco), “Overcome” e a “Always The Hard Way” foram os pontos altos do concerto. A atitude do Scott e do resto da banda fazem com que os concertos sejam muito bons, mesmo que a qualidade musical da banda venha a decrescer, na minha humilde opinião. Mesmo assim, veria outra vez Terror, mesmo que só tocassem músicas novas. E ainda, como alguém disse, os discursos entre músicas do Scott são clichés, mas é sempre bom ouvir boas opiniões.

Em suma, foi uma boa noite. Podia ter aparecido mais pessoal, podia ter sido utilizada uma sala melhorzinha, mas tirando tudo isso foi tudo bacano. Venham mais bandas destas, com vontade de tocar, mesmo que para um público bem menor do que o que estão habituados.