04/05/2009

Day of the Dead - Perspectives


Abril marcou o regresso dos portugueses Day of the Dead (DOTD) aos registos sonoros. Desde 2001 – ano da formação da banda – que o conjunto lisboeta/louletano tem pontuado o panorama musical português com o lançamento de diversos trabalhos. 2009 traz-nos o segundo longa duração – depois de A New Healing Process – denominado Perspectives.

Alguma expectativa assolou a massa adepta da banda após a saída do guitarrista Jefferson Ferreira (responsável pela guitarra até à gravação do A New Healing Process ) que deixara a banda com somente um guitarrista (Nuno Saldanha).

A verdade é que, após algumas audições a Perspectives, é possível notar que o que se perdeu em composição, ganhou-se em identidade., ou seja, a saída de um dos guitarristas permitiu que a banda ganhasse um som mais à DOTD, e menos à Modern Life is War, sendo no entanto impossível de deixar de referir uma parte final de We’re Not Speaking the Same Language muito ao estilo de uns Unbroken.

Influências à parte, Perspectives assume-se com uma sonoridade mais singular da banda. A guitarra confunde-se muitas vezes com o baixo – não notar qualquer carga negativa na anterior afirmação – ainda que, assuma um papel mais arrojado, pontuando situações que mostram semelhanças a um solo (Fighting Crusades With Golden Swords, que conta ainda com a colaboração do vocalista dos If Lucy Fell, Makoto Yagyu). Alguns elementos de cariz ambiental, que já se podiam notar em A New Healing Process, compõem também o novo álbum dos DOTD.

Como não poderia deixar de ser, há toda uma aura “decadentista” a rodear o álbum. Essa é porventura a maior característica da banda, que felizmente, não se perdeu no novo registo. Diria até ter-se intensificado. Remebering the Dead a antever uma muito “negativa” His Eyes, A Thorn In My Side.

Em relação ao lirismo da banda, a mesma mantém a sua toada mais filosófica, moralista até. Parece-me no entanto que perdeu – a meu ver, de forma positiva – alguma ambiguidade: está mais directa, mais identificativa, significativa até. Mais facilmente associamos passagens das músicas a determinadas situações do quotidiano, face a anteriores registos, sendo que, e importa referir, existem passagens de grande inspiração. Terei de destacar: “We’re not fighting crusades with golden swords, we’re just following our own path”, ou melhor, concentremo-nos na totalidade da letra de We’re Not Speaking the Same Language – a meu ver, o ponto mais cintilante do álbum – e de Fighting Crusades With Golden Swords… Almeja a perfeição.

Contudo, não só de negatividade fala Perspectives, Drive North é um bom exemplo de positivismo, seguir em frente, aprender com os erros.

A verdade, é que 8 anos depois da formação da banda, a mesma edita um dos melhores registos criados em Portugal – a meu ver, e isto é obviamente parcial, o melhor mesmo. Curto, é certo (não chega aos 30 minutos ) mas de uma carga emocional enorme. Por certo não agradará a todos, nem mesmo dentro do panorama Hardcore nacional, mas para aqueles que seguem um som mais similar ao dos DOTD é um registo de enormíssima qualidade.

Day of the Dead, Perspectives (Anchors Aweight \ We Love Pandas, 2009).

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