Foi uma Casa de Lafões praticamente cheia aquela que assistiu ao Downtown Street Rock Fest no passado dia 28 de Março, evento que colocaria os Pura Repressão de novo em cima de um palco, 5 anos depois do seu último concerto.
Moldura humana muito longe da que habitualmente se desloca ao novo signo (símbolo?) da cena Punk-Hardcore lisboeta – convém dizer-se que dos habituais, poucos eram os presentes – mais velha, mais pesada, literal e estilisticamente falando, de uma era do punk nacional, que os leva a surpreenderem-se com a arquitectura da bonita sala com nome de terra da zona de Viseu.
A acompanhar os lendários street-punkers estiveram os Mordaça e os Overcome.
Foi precisamente por estes últimos que se deu o inicio das festividades, diga-se, com uma pontualidade muito… portuguesa.
Claramente influenciado pelos sons mais bairristas de NY, os Overcome apresentam um Hardcore mesclado entre slowtempos, partes rápidas mas, acima de tudo, muitos breakdowns, a que o público menos receptivo a este tipo de som transformou num fraco feedback. Receptividade essa que se estendeu a um ou outro elemento de ideologias políticas algo duvidosas perante a sociabilidade na sala entre etnias diferentes, como aliás, deve ser apanágio deste tipo de música. Tudo tranquilo ainda assim.
Fechou a cortina, e seguiram-se os Mordaça.
Não incluídos inicialmente no cartaz – surgiram em substituição dos Steal Your Crown – os Mordaça são uma das representações actualmente mais activas de uma das escolas do HC nacional mais personalizadas, a de Linda-a-Velha. Cantado em Português e com um som mais ao gosto do dos presentes, os Mordaça seguraram e tiveram, aliás, uma adesão por parte do público mais condizente com as suas expectativas. Concerto onde não faltou o mosh, a circle pit, o stage dive e o crowd surf, algum sing-a-long e, claro está, uma cover para honrar as influências.
Claro que tudo isto acaba sendo um pouco eclipsado, quando se sabe à partida que mais tarde um dos históricos do punk nacional, estaria de volta aos palcos, e sem precisar provar nada a ninguém – o público, esse, já estava conquistado à partida e onde não faltaram sequer pais dos elementos da banda – debitaram o seu rápido e furioso punk, em hinos nunca esquecidos. “Cabrão” a abrir, “1,2,3,4” lá pelo meio e “Sapatinhos Chico” e “Tudo à Chapada” a fechar, numa set list, onde ainda se encontrou espaço para tocar Ratos de Porão.
Agora, quando falamos em acabar em “Tudo à Chapada”, podemos ver a questão de duas formas: A) A banda toca a música intitulada “Tudo à Chapada” e o público gosta e canta, ou B) A banda toca a referida música e, lá em baixo, no chão, instala-se o caos, sendo que, literalmente, começa tudo, mas mesmo TUDO, à chapada. Circle pit e consequente mosh pit do palco até à porta de entrada. Monstruoso, no mínimo.
Acredite-se ou não, a resposta certa, é a B).
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